Grupo de pesquisa cle​

Identidade visual da Jornada

“As pessoas são aquilo que elas amam”, disse Rubem Alves em um pequeno texto de opinião, publicado pela Folha de São Paulo, em 2010. Nele, o autor declara seu amor por ipês amarelos, o que ficou, por associação “autor/leitor”, para um menininho em idade escolar quando indagado sobre quem era Rubem Alves: “um homem que amava ipês amarelos”. E quem não ama? Quem não coloca os olhos para passear quando o ipê rosa da entrada da Uerj floresce? Raquel Alves, filha do Rubem, explica por que o pai amava a árvore do cerrado. Os ipês florescem no inverno, substituem todas as folhas por flores e abrem florada praticamente de um dia para o outro. Faz tudo ao contrário das outras árvores, feito gente que não segue o comboio e cisma em ter coragem para defender o seu jeito de pensar e de acreditar na humanidade. A filha escreveu um poema para o pai, que amava ipês amarelos, quando ele partiu em 2014.

Na primeira Jornada do  Grupo de Pesquisa Ciências da Linguagem na Escola (Cle-Uerj/CNPq), ao buscarmos nossa identidade visual, a árvore foi a primeira escolha para nos simbolizar: o tronco linguístico; a amendoeira do pátio do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira; as raízes, as nossas; os afetos pela natureza que o grupo de pesquisadores nutre… chegamos, então, ao ipê amarelo em referência e reverência à educação básica, personificada pela autoria de Rubem Alves.

O ipê é aquele que resiste. Num determinado momento, sequer o vemos. Passamos por um e não damos nada por ele. De um dia para o outro, floresce e, magnificamente, arranca suspiros de beleza, de utopia e de força para continuar: a hora de florir chegou. Assim também nos parece a caminhada em uma escola básica pública… Marcada pela resistência e pela coragem de continuar existindo, na contramão do que todo um sistema social nos impõe, continuamos a acreditar no momento de ver germinar tudo aquilo que cultivamos sem garantias sequer de poder contemplar as flores que virão.  Nesse sentido, a nossa identidade visual planta um ipê amarelo sobre um livro aberto, folheado pelo vento… o vento da esperança de partilhar saberes construídos “com” e não “para”.  Que o ensino básico seja ainda a nossa raiz mais forte, nutrida pela pesquisa e pela extensão, em busca de floradas, apesar dos invernos!

 

Com afeto,

Dani Porte

Por

Cle-CAp-Uerj/CNPq  

Adriana Cristina Lopes Gonçalves Mallmann

Carlos Henrique Fonseca 

Fernanda de Moraes D´Olivo

Milene Maciel Carlos Leite 

Juciele Pereira Dias 

Silvia Adélia Henrique Guimarães